(É só um post de máquina fotográfica... longo pra caramba...)
A Canon acaba de lançar a EOS 500D. Nem tem nas lojas ainda... Só os grandes "reviewers" as testaram.
A sua categoria é controversa: Por ser um modelo de três dígitos, era pra ser "Entry Level", mas com a chegada da EOS 1000D e por ter as mesmas inovações de maquinas de categoria superior (como a 50D e a 5D Mark II), acaba ficando como "Midrange" mesmo.
Suas inovações vão desde as mais ingênuas, como "Live View", até as mais sofisticadas, como a correção automática de escurecimento dos cantos (ocorre em muitas lentes), com memorização para até 20 lentes diferentes.
O sensor é de 15 megapixels, e é do já esperado tamanho APS-C, o que implica num "crop factor" de 1,6x.
Sobre a resolução, é bom frisar que não existe propriamente uma causalidade entre ela e a qualidade de imagem. Existe, sim, uma correlação, já que avanços na tecnologia aumentam tanto uma coisa quanto outra.
O que os fabricantes deveriam fazer (e já estão fazendo, num certo senso), é parar de perseguir a resolução, e andar na direção da sensibilidade. Mais megapixels implicam em arquivos maiores, e fotos com mais ruído.
A primeira parte é óbvia.
A segunda parte é o seguinte: Colocando-se mais pixels na mesma área, o tamanho efetivo do pixel, na superfície do sensor, é menor. Isso implica em mais ruído térmico (variações apreciáveis no valor entregue pelo sensor, para aquele ponto). Esse ruído pode ser combatido por duas estratégias: qualidade do sensor, e software.
Ambas as estratégias são limitadas, e acredito que a segunda já chegou no seu limite.
(Há uma terceira estratégia: em astrofotografia são usados sensores avulsos resfriados com nitrogênio líquido, para se atingir níveis extremamente baixos de ruído; mas, resfriar uma câmera dessas inteira acredito que resulte na sua destruição).
Resta então respeitar o compromisso entre tamanho de imagem e ruído térmico apresentado pela tecnologia atual.
A "resolução específica" (pixel density, em inglês) desta câmera é de 4,5 MP/cm², um valor até ingênuo de tão conservador, perto dos 43 MP/cm² da Canon SD960 IS. (A esse respeito, a minha EOS 10D chega a ser uma vovozinha: 1,8 MP/cm² - e ela não tem redução de ruído por software!)
Os 15 megapixels desta câmera implicam em fotos de 4752 x 3168 pixels, o que a 200 dpi permitem impressões de 40 x 60 cm, algo meio exagerado na minha opinião. Aliás, megapixels são uma armadilha: Há quem afirme que, devido ao Filtro Bayer, as máquinas digitais possuem, na verdade, 1/3 da resolução informada. É bem pertinente a explicação, e, na prática, dá pra confirmar isso. (Só que como todos os fabricantes adotam o mesmo critério, não dá pra se considerar propriamente uma "má fé"). Outra: Dobrando-se a resolução espacial ("os megapixels"), aumenta-se apenas 41% a resolução linear. Então, seus 15 megapixels, apesar de respeitáveis, representam menos do que dão a entender. Ainda assim, desculpem se isso soa agressivo, mas esses 15 MP dão um banho em qualquer point-and-shoot por aí.
Outra coisa digna de nota é sua capacidade de fazer vídeos. Os mais ortodoxos torceriam o nariz para essa característica, mas o fato é que ela tem sensor, memória, espelho motorizado, processador super rápido... não custaria nada colocar um microfone e agregar "algumas linhas" no firmware.
A resolução que ela atinge é 1920 x 1080 (full hd) a 20 fps, e 1280 x 720 a 30 fps. Tenho a impressão de que os 20 fps da maior resolução são uma limitação de software, para não "matar" câmeras de categorias superiores. Poderia ser 30, como na EOS 5D Mark II, mas isso é só uma hipótese baseada em dados nada rastreáveis.
Não sei se eu compraria uma câmera dessas. É muito tentadora, haja vista todos os seus avanços. Mas, além de ela vir para cá com preços de câmeras superiores, sua proposta ainda é a de uma "Entry Level", com implicações na ergonomia (usabilidade, funções dos botões), e na robustez.
É que, com o tempo, a gente vai ficando fresco, sabe...